FLAGRANTE QUADRO
Milamarian
Ondula no horizonte o semblante
o vento da noite carrega o olor
das peles em aroma embriagador
e o suspirar pomposo...o flagrante!
Paira na imagem o torpor acetinado
no insinuar, luzes brancas e difusas
qual farol à beira-mar, rocha desnuda
do ventre na forma de um costado.
A pintura se encolhe em espasmos
ante a avidez dos corpos alados
entrelaçados sem dores nem marasmos,
dois cálices deitados na taberna,
onde o vinho ao pão e mel mesclado
tinge o painel de amor em ceva.
Em 31 de março de 2008.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Flagrante Quadro
domingo, 30 de março de 2008
Uma Esmeralda No Caminho
UMA ESMERALDA NO CAMINHO
Milamarian
Posto em fuga o amargor d'alma
sigo o rastro da pedra luzidia
num movimento sem melancolia
rumando à ribeira nova e fausta.
Afago do destino ao meu olhar
se antes era dor e pranto perdido
num infindo amor, ora o postigo
e a trilha de um novo encetar.
No peito o sonho que de tão forte
finda a mágoa e a tempestade
traz o sorriso... no mirar da sorte!
Afogo o sofrer em que morava
no verde, e do passado a saudade
no brilhar... da ditosa esmeralda.
Em 30 de março de 2008.
Maravilhas que se vão
Maravilhas que se vão
Milamarian
Tem a vida maravilhas tantas
basta sentir das flores o orvalhar
doce... macio qual suave amar
e no âmago em paz agiganta.
Olhassem os homens às raízes
que crescem e firmam em prece
e do egoísmo onde fenecem
saíssem...se mudasse a marquise...
Um alpendre regado de amor
onde novas gemas da fértil terra
quiçá germinassem sem pavor
dos fortes ventos ao chão batido
da fúria do mar junto à serra
e ao Universo já combalido.
Em 29 de março de 2008.
sábado, 29 de março de 2008
Biociclo
Biociclo
Milamarian
Os raios do luar à noite em salpicos
respingam na praia qual chuva de prata
vestem o azul do mar e esta cantata
onde tu completas o meu biociclo.
Sonho contigo num eterno ritmo
as estações se abrem na poesia
e num afago em teu calor se refugia
minha essência e tudo o que sinto.
E à doce lua eu confesso sem importar
que as cores que iluminam o painel
são do amoroso nanquim a derramar,
estrelas em luz que nunca se explica
em infindos versos, num eterno laurel
a tanto amor que só se multiplica.
Em 28 de março de 2008.
quinta-feira, 27 de março de 2008
Solidariedade
Milamarian
No dom de amor que Deus me dera
abro as mãos e se há algum talento
fecho os olhos e todo pensamento
sobre o girar desta humilde pena.
Não olvido... a tarefa se confere
e se miro em desespero o catre
fujo de mim e ali meu escarlate
eu entrego, pois o abrigo é só pele...
Ontem, hoje e amanhã eu me rendo
recordando, o caminho é único
contudo...ocasião não tem momento,
se dorme o horizonte sem lembrança
dôo o íris do primeiro ao último
para florir outros céus de esperança.
Em 28 de março de 2008.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Planeta Mar
Milamarian
Fartas cores...é suave enredo
o seu leito nas profundezas
onde a divina mão da natureza
condenada está ao vil degredo.
Arpão à palma, e o homo sapiens
sem pestanejar, desce e invade
surdo o estampido, sem piedade
a visão da agonia não o abstém.
Planeta mar, tu e Netuno Rei
hoje no martírio gritam a sina
subjugados à uma terra sem lei,
quando invadem e carcomem
tuas entranhas, levando as crias
...desenfreada gana... não é fome.
Em 27 de março de 2008.
Harmonia resplendente
Milamarian
Fiz-me centelha de alegria
nas pautas fui amor-verdade
num todo inteiro sem metade
pois teu afago se fez magia.
À tua flor, tão suave a viagem
no jardim de tanto bem-querer
minha essência, todo meu ser
tu perfumaste como ninguém!
Senti a tua em minha vida
afago de um guerreiro eterno
a colorir as noites e dias!
Na primavera nem se chovia
o outono pronto no inverno...
no amor das almas em simetria.
Em 26 de março de 2008.
terça-feira, 25 de março de 2008
O CANTO DAS SEARAS
O Canto das Searas
Milamarian
Passa a bruma numa brisa constante
da natureza é em gota esparsa
onde me vejo no céu que aparta
o futuro deste amor contagiante.
Veste o céu, a fina chuva que cai
carrega o desalento e me invade
morre a tristeza e qualquer maldade
e sinto que a alma em amor esvai.
Foge de meus olhos e de mim também
a triste visagem de um cinzento mundo
tão amargo, de palavras rudes...sem amém
e sorriem a minh'alma e coração
com o canto das crianças, tão profundo
nestas searas em só uma oração.
Em 25 de março de 2008.
sábado, 22 de março de 2008
Phoebus
Phoebus
Milamarian
És tu o Deus no hino homérico
e teus dardos lançados ao longe
o rejubilar de Delos que em fonte
te recebera Senhor daquele império.
Divino Febo, na água milagrosa
purificado, e em filó tão alvo
tu cingido em fios de ouro e favo
sorves o néctar e a fina ambrósia.
Qual o sol que dardeja ao longe
são os dardos que empunhas com glamour
gládio que resplandece no horizonte,
és tu o Deus profeta, conduzindo Musas
da Natureza a inspiração és o senhor
pilar de ouro, coberto de louro e murta.
Em 23 de março de 2008.
Páscoa, Libertação, Paz e Amor
Páscoa, libertação, paz e amor
Milamarian
Crisálidas se abram, é primavera
soem os bronzes hinos de glória
nos corações o amor seja vitória
emanado cálido por toda esfera.
Campanário em luz se acenda
uma estrela desce aqui na terra
Ribeiras bordem em flor à aquarela
que só o Senhor Jesus é água benta.
Extinga-se aqui enfim qualquer rancor
em Paz unidos todos como irmãos
aprendendo a lição do Pai Maior,
que nos entregou tão somente por amor
o Seu Filho, para nossa salvação
o Cristo Rei, o Santo Redentor.
Em 22 de março de 2008.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Zênite Azulado
Milamarian
Triângulos balouçando ao léu
deitados às ondas, na calmaria
velas extenuadas...em letargia
semicerrados os favos de mel...
Circulavam à terra em viagem
diluindo anseios e a saudade
do oásis, da água e da umidade...
postos ao vento...pediam passagem...
Aos pés da serra o que se via
era o oscilar de dois batéis
do rio ao mar aberto, em euforia,
e do alto, a maré num eterno amar
no silêncio, abarcados em tagatés
sem pressa, ao apogeu a alcançar.
Em 20 de março de 2008.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Vôo ao Infinito
Vôo ao Infinito
Milamarian
Deixo ao longo, as pegadas
silentes passos na pedraria
ornada em folhas de fantasia
e tons pastéis da invernada.
Vôo bandido de terra a mar!
sigo em busca de ti no alísio
que em beijos à face é sorriso
evoca de mim o verbo amar!
Abertas as asas ao espaço
eu bem sei que o destino
é pousar no teu terraço,
e ali tu estás a esperar
c'o brasão onde eu burilo
este vôo, num último adejar!
Em 20 de março de 2008.
Entre Idas e Vindas
ENTRE IDAS E VINDAS
Milamarian
Vales eu desci em cegos nós
nos seixos tropecei e me servi
das chagas abertas em mim
para tecer sedas, girar a mó.
Aprendi com a árdua prova
a buscar teu ombro lenitivo
levantar do chão e ter motivo
para seguir rumo à lua nova.
O tempo ensinou...compreendi
a ventura de verter só amor
e nos veios querer a seiva de ti,
capela que hoje me ampara
seja no poente ou no alvor
da distante serra ou seara.
Em 19 de março de 2008.
terça-feira, 18 de março de 2008
Na Linha do Horizonte
Milamarian
Só naquela linha é o brilhar
da lembrança do velho amigo
à imensidão, olhar perdido
dizia... "junta ali o céu e mar".
Flutuam figuras transparentes
na eterna dança tão perfeita
juntam asas e se deleitam
numa valsa evanescente.
Ponte...teu encanto não anoitece
balouçando de um lado a outro
serena, leva a tarde que esmorece,
e traz no colo em tom azulado
a luz da lua, mais um verbo douto
a claridade ao verso calado.
Em 18 de março de 2008.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Novos Rumos
Novos Rumos
Milamarian
Mirei a cordilheira que me sorria
silenciava o verso tão plangente
na brisa, quiçá na única cadente
onde a palavra assaz vinha e ia.
Sobeja a gota n'alma exposta
e da aberta palma ao vento correm
os desvelos deitados e assim morrem
paralelas em una curva composta.
Cerco-me da chama que arde enfim
do sol que abre os braços e aquece
o âmago onde adormeço tu em mim...
e neste amar, adeus ó vida amarga
não me quedo no passo que arrefece
ante a viva luz que me abarca.
Em 16 de março de 2008.
domingo, 16 de março de 2008
Canção à Nova Lua
Canção à Nova Lua
Milamarian
Nas noites, suspensa nos céus, sobre os campos
brilha na quietude, faz da mãe-terra a prisioneira
aos meus olhos só ela na esfera, é luz companheira
que espalha a cânfora na paisagem onde descanso.
Lua do meu amor nacarado, a mais bela guirlanda
envolta nas silvestres flores da beira do manso riacho,
teu mar de brumas adorna a enseada em fitas e laços
traz vida a este terraço, e o sândalo que me abranda.
Prata da cor do ouro, tua fragrância de jade impera
no universo a caravana de estrelas te acompanha
e numa cantiga formam o arco de glória à nova era,
és a magia e encanto, e eu... sob tua luz de amor e paz
deito o nanquim no marfim da mais alta montanha
e escrevo tua melodia em mim nos tons entre azul e lilás.
Em 22 de dezembro de 2007.
sábado, 15 de março de 2008
Rios Eternos
Milamarian
Vertentes cálidas onde descem
pérolas em nácar embevecidas
rumo à fonte, eterna luz de vida
espelho de dois em amor e prece.
Terceira margem... é sereno o leito
que se perfuma junto ao crepúsculo
e assim viajam sonhos inconcussos
beijos à côdea...alcançam o centeio.
Balouça a mansa água em febre
num rouco anseio, cristalina e pura
forma ondas, em amor fenece,
e o veludo das duas ribeiras
rende-se à plenitude em fagulhas
ao tempo_espaço, na vez primeira.
Em 14 de março de 2008.
sexta-feira, 14 de março de 2008
E gira a esfera...
Flores em cerejeiras, as folhas caem
verdejando o prado em tons lilases
soltam-se na amplidão, qual finos ases
aqui e acolá, o pólen atraem.
Na doce valsa nascem vivas cores
no ciclo da vida outra primavera
milagre contínuo na quadra esfera
renovando na paisagem os olores.
Penso ser miragem, o paraíso
quando miro o róseo intercalando
montanhas e a seara onde piso,
apetece-me borboletas abraçar
amarrar todo o cerne ao canto
girando em mim este eterno amar.
Em 13 de março de 2008.
Prelúdio Ao Gigante Adormecido
Milamarian
Tua maciez, quisera eu
sentir na essência perfumosa
do teu solo, da flor vistosa
a te estreitar qual um camafeu.
Volver com tanto amor que tenho
e de sedas à tu'alva pele nua
cobrir em gratidão à luz da lua
prenda que és, recanto ameno!
Gorjeia a ti o rouxinol singelo
na aurora, sobe o sol criador
sulca todo meu ser e encastelo,
este verso pleno e o murmúrio
da minh'alma repleta de amor
por ti senhor deste prelúdio.
quinta-feira, 13 de março de 2008
A Nona Hora
A nona hora
Milamarian
Pés descalços, terra batida
Sem limites, ao longo, à vontade
despontando duas unidades
prata ao ouro é fundida.
Nas frescas águas o refestelo
da cálida seara...fulgente dália
ao leve toque das sandálias
deita a seda ao chão vermelho.
Madeixas sedosas e castanhas
brilham ao quente sol da hora
quando o sândalo das entranhas
invade e abarca toda a selha
caem as folhas, dentro e fora
incensa aos céus una centelha.
Em 12.03.2008
quarta-feira, 12 de março de 2008
Cerejeira em flor
CEREJEIRA EM FLOR
Milamarian
Sob a tênue luz da lamparina
vestes o silêncio à minha frente
reservado ao meu olhar somente
és tu imagem pura e cristalina!
Tu...simplesmente ontem e hoje
vislumbre que deleita em prece
preenches o ar, me enriquece
de tua seiva, sacio a fome!
Namoro a tez de cerejeira
beijando os teus pés sob a brisa
escoro em ti a alma inteira,
e tu...retrato das alvoradas
brilhas tua sombra infinita
em amor na única toada!
Em 12 de março de 2008
Só eu sei
Só eu sei
Milamarian
Azul profundo, meigo e doce céu
cresce e alastra flores nas savanas
furta o manto, revolve e aplaina
o canto triste, desce o escuro véu.
Aqui e acolá, é tão cristalina
orvalha da aurora ao poente
afoga o semblante naquela fonte
onde a ametista é turmalina.
Faz suspiro em luz e incendeia
a minha tez que ora é morto fogo
inflama, e de minh'alma u'a fogueira,
da poeira ou da estrela, só eu sei
traz então o viço, esvai-se o lodo
prevalece, permanece, em mim é lei.
Em 26 de fevereiro de 2008.
No primeiro e no segundo
NO PRIMEIRO E NO SEGUNDO
Milamarian
No primeiro, em compasso ao ponteiro
é segundo que sucede sem preservar
o vermelho e assim num só crepitar
inverte os bronzes daquele mosteiro.
Lançado ao mar, turvo olhar...ao longo
e o vago num só contorno, completo
aos cegos olhos, a um verso quieto...
deslumbra a lua, em vírgula e ponto...
No primeiro por todo o seu avesso
remodela e recria com pespontos
os coloridos laços do seu regresso,
e no seguinte àquela voz sincera
colhe as flores para o reencontro
c'o amor qual folha de lenda primeva.
Em 25 de fevereiro de 2008.
Sonho que afago
Sonho que afago
Milamarian
Cada passo meu que passa
neste sonho de ti que afago
enlaça-me! e então divago
no verso teu que me abraça.
Na noite de encontro ao luar
beija-me teus olhos os meus
e umedece aquele camafeu
onde o tesouro é meu amar.
Cobre esta seara a tua prece
e o frescor das flores silentes
percorre o líber! é finesse...
pérola que devolve a brisa
ondulando duas cadentes
deste cântico a premissa.
Em 15 de janeiro de 2007.
Ao pé do ouvido
Ao pé do ouvido
Milamarian
Exuberância... ali desmaia
e eu...olhos postos no encanto
do murmurante e doce canto
a ti exclamo: sou dele a praia!
E tu? Singela flor que embriaga
com o rubor da tua existência
Bem sabes que tu és a essência
desta minh'alma enamorada!
Tinges a face, dizes serena:
"a imensidão só tu decoras
aqui dentro...és minha pequena!"
e o meu sorriso nacarado
volta à seara, à tua aurora
ao azul do chão imaculado!
Em 12 de março de 2008.
Por esta estrada
Por esta estrada
Milamarian
Iluminada estrada onde vou
sigo o incenso dos jasmins
que perpetua dele em mim
em grãos de amor...tudo que sou.
Corre tua beira manso lago
onde o nácar do azul-mar
valsa aos olhos...luz de luar
e em ti o sol é ele...magno.
Em sorriso de estrela, eu vejo
o mirar dos olhos dele à espera
e destes meus é ao brilho o almejo,
e vou na vertente qual camélia
no jorrar da rubra fonte que esmera
fundamental...a seiva em artéria.
Em 1 de março de 2008.