quarta-feira, 30 de abril de 2008

Princípio, Meio E Fim



Princípio, Meio E Fim
Milamarian


Gerado de um brando eflúvio
progênie sutil da suave vereda,
caminho florido ao mar da pureza
onde a verdade cai em dilúvio.

Sopra no tenro seio da terra
a égide sobre o meu peito
amparando nos meus permeios
a porção maior e te apoderas!

Metade de mim! És tu o início
da história deitada no chão
onde colheste os resquícios

e acolhendo em teu bergantim
(num intenso amor) o medalhão,
te fizeste princípio, meio e fim.

Em 30 de abril de 2008.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Versos Eternos






Versos Eternos
Milamarian


Apurados a prata e o dourado
matizados pelo cintilar da lua
prossiga a noite calma e nua
no frescor do vôo desenhado.

Ilumine-se o verbo na alvorada
reverdecendo os olhos d'alma
com o brilho da estrela d'alva
na verdade que não é acrobata.

Cinzele assim na tua seda nobre
as palavras que nascem do meu ser,
e em difusa luz ao céu desdobre

o flutuar do amor que trespassa
vales e montes para em ti viver
a plenitude de bençãos e graça.

Em 29 de abril de 2008.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pequena Morte

Pequena Morte
Milamarian




Não há como definir este meu júbilo
do plausível assédio de todo teu ser
que encontra e me junta para renascer
num alfa_ômega tão só teu e único.


Afagos que me vergam muito além
aos céus do teu porto onde ancoro
a vida num segundo e incorporo
o cerne ao teu que de nada me abstém.


Incomensurável que rasga e invade
retira-me de mim e subo aos poucos
no silêncio das entranhas onde arde


a pequena morte que me vale tudo!
E só tu podes sentir o sismo rouco
do oriente que se rende ao solo luso.



Em 28 de abril de 2008.


domingo, 27 de abril de 2008

Nada É Impossível



Nada É Impossível
Milamarian



Perguntaste tu se era possível
dizer te amo, sorrir de olhos cerrados
e na concha dos dedos entrelaçados,
deste-me a seiva em devoção visível.

Tuas grisalhas mechas no momento
brilharam qual a neve sobre o monte
cruzando a terra ao novo horizonte
em lenitivo cobriram teu rebento.

Ora te digo: "À luz que tu carregas,
a gota de teu frasco pleno de amor
(aos meus favos) é lavanda que não seca,

anoitece o ontem e o dia depressa
ouve o gorjeio orvalhar em nova cor
na sonata que ao teu anil se manifesta."



Em 27 de abril de 2008.

sábado, 26 de abril de 2008

Telúrico




Telúrico
Milamarian


De oásis a sáfaro deserto
partido de sete em sete
a água no último verbete
e tu...no fundo lodo imerso.


Da Suprema Graça à clausura
velado pela guerra da ambição
padeces num caos de inanição
atônito à morte da Ventura.


Limitado o próprio saldo
és palavra solta em letra torta
"esmeralda em azul cobalto",


e na estrada, riem os sofistas
riscando em negro tuas portas
cerrando a última cortina.


Em 26 de abril de 2008.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

No Papel Japonês




No Papel Japonês
Milamarian


Do bambu ou do arroz a fina palha
ao pincelar das tuas cerdas de guerreiro
e num cursivo traço ao parapeito
delineie bem suave u'a ária.


Conclua o ideograma c'o carvão
batido à rubra tinta da escrita
e faça o teu caminho sem desditas
em plenitude de alma e coração.


Atravesse as linhas do branco papel
e avance, só teu nome assinalando
nos dois lados da fibra e do vergel,


e segura imprimo a teu contento
a calidez do ventre meu ao teu sangrando
em devoção ao sagrado juramento.



Em 25 de abril de 2008.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Milhã




Milhã
Milamarian




Mil folhas caiam em palavras fortes
nas páginas úmidas e brilhantes
pelo orvalhar suave e exuberante
e escorram na espinha de sul a norte.



Enraizem as letras no torso ereto
qual rocha que não se esvai ao vento
e nem murchem, seja a paz sustento
encrespando em mar ao seco deserto.



Coaduno ao papel que não enregela
sorva da água em vapor e harmonia
espiralando fartas cores à aquarela,




e à luz ofusque a indiferença
da tinta que tem só foco a sangria,
a seca da sua própria violência.




Em 24 de abril de 2008


quarta-feira, 23 de abril de 2008

Memórias Dos Roseirais

Memórias Dos Roseirais *
Milamarian



Tu, que foste tão somente meu outrora
povoas o pensamento nos repentes
todos! que vem e vão, são tangentes
arrancando de mim doces memórias.


Fazes me viver as sementes suaves
das divinas lembranças de teu amor
que me foi tão imenso em cada alvor
e me fizeram em ti, Fobos em Marte.


Quiseste que alegre fosse o canto
a ecoar do meu âmago sem ais!
Ora então, deito no memorando,


as purpúreas rosas e gerânios
de nossas almas junto aos roseirais
onde tu me deste amor! Sem lanhos.



Em 23 de abril de 2008.
* A M.B.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

À Sombra Do Olmeiro




À SOMBRA DO OLMEIRO
Milamarian


Vendados os olhos e já tão turvos
pelo estampido que obliterava,
não sentiam que eras tu quem pulsavas
dentro dos ouvidos oclusos e surdos!

Na cegueira não pudera reconhecer
que o nenúfar que se volta ao alvor
pousado estava nas mãos em amor
estendidas! A me amar e socorrer.

Alburno forte dum nobre olmeiro
(entrelaçado à seiva da oliveira)
cingira firme à seara e ao sobreiro,

na porção maior ante o temporal
dando sombra à flor-de-cerejeira
qual alpendre de estrelas e cristal.


Em 22 de abril de 2007.

Leveza Que Vem Dos Céus

Leveza Que Vem dos Céus
Milamarian

À Luz Sampaio


O vento bateu firme e forte
brisa que vinha daquele sul
onde bem sei a azálea é azul
bruma no céu rumo ao norte.

Quiçá airosa borboleta
trazendo nas asas a ternura
de sua alma sem nem hulha
e o pólen junto à sua paleta.

Pousa aqui todo o jaspe de ti!
Tu que és daquele arrabalde
e tua essência é alvo organdi,

com a leveza do verde trigal
e traspassa searas e mares
nesta terra e noutra qual sal.

Em 19 de abril de 2008.

sábado, 19 de abril de 2008

Um Anjo de Amor E Paz

Um Anjo de Amor e Paz
(Acróstico)
Milamarian


Era qual um anjo que de lá vinha
movia-se firme ao brando vento
e àquela visão, o solo e o firmamento
retiniam, em louvor à nova pinha;
sussurrava o mar de tão contente
ornado pela pérola que junto à onda
navegava, balouçando brincalhona!

Wahei brilhante havia nas asinhas dele
acenando ao horizonte tão distante
trazia tatuado o destino edificante
ali junto à seara, na seiva tão solene;
nacarado e transparente era o seu olhar
adormeceria ele, junto às flores tanto amor
beijando o ventre que lhe deu todo o vigor
ele teria o brilho do sol, a força que vem do mar.

Em 20 de abril de 2008.

wahei= paz

Da Quinta Das Aveleiras





Da quinta das Aveleiras
Milamarian


Aos pés da linda alvelaneira
ecoa daquele berço de ouro
o som de pássaros canoros
e o vagido na vez primeira.


Divina Santa que enrubesce
deitando a seiva à sua terra
às duras penas ainda aderna
o seu sorriso em fina prece:


"Avelã, gema de terna alegria
rebenta num formoso portento
traz-me o sol e a clara luz do dia!


Orvalha o relvado de meu ser
enternece a guia a teu contento
pois que só tu, és todo meu viver!"


Em 19 de abril de 2008.



sexta-feira, 18 de abril de 2008

Nanquim, Faim E Pergaminho

Nanquim, Faim E Pergaminho
Milamarian


No pergaminho o risco da cascata
do caudal de amor em verde benção,
aberta tenda de cantiga e oração
onde há um nume em colunatas.

Da fina nata irradia a essência
ao nanquim e ao faim de prata
que se encontram na catarata
das águas claras em evidência.

Patente lábaro no papel impresso,
é do florim dourado e do emblema,
da nobre hasta preso no destro

da pena apaziguada pela malha,
do marfim em derrame no poema,
e da efígie do anverso da medalha.

Em 18 de abril de 2008.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

"Baleeiro"





"BALEEIRO"
Milamarian


Desce o arpão num mortal lanho
fareja o mar atrás somente dela
não vê o charco onde navega,
arpéus gananciosos e gadanhos.


Abra os olhos sentinela! Ali vai ela
é fresca carne e olha o tamanho
o vil metal faz de mim tacanho,
acerto e abocanho a donzela.


Para que a mira? O alvo é certo
Não há trégua, sou dono do mar
é cria indefesa e sou eu inverso,


perverso, digo e não escrevo, vamos lá
sou "científico_carniceiro" a pesquisar,
sou arácea venenosa e tenho alvará.





Em 17 de abril de 2008.



Imagens - Greenpeace.org







Nisshin-maru

Navio-fábrica e líder da frota japonesa, atualmente caçando baleias ilegalmente no Santuário Antártico. A bordo deste navio as baleias são descarnadas e desossadas. A gordura e órgãos internos são separados da carne, que, limpa, é empacotada e armazenada em congeladores. O navio, uma traineira de pesca industrial convertida em navio-fábrica, pesa 7,575 toneladas e tem capacidade para abrigar 112 tripulantes.



Toshi-maru
Navio baleeiro especialmente desenhado para caçar baleias. Pesa 740 toneladas e pode transportar uma tripulação de 22 pessoas.



Yushin-maru
Pesa 720 toneladas e tem capacidade para 18 tripulantes.



O Instituto para Pesquisa de Cetáceos alega que a caça anual às baleias pelos japoneses é destinada a propósitos 'científicos'. O Greenpeace denuncia, no entanto, que este programa é ilegal e busca, em primeiro lugar, reiniciar a caça comercial de baleias em larga escala.







Greenpeace






Paz

Paz
Milamarian



Por ti clamam os anjos-crianças
na esfera carente de amor e mel
são trigo junto ao joio, licor no fel,
inocentes semeando a esperança.


É teu o nome, mas cavernas ocas
não ouvem o eco já desesperado
das vozes ao redor do trigal nublado
pela palavra que sai da estéril boca.


Searas cobertas pelo triste amargor
de almas afoitas pelo brilho do ouro
esquecidas do Tudo que É o Amor...


Pedem elas, para que futuro tenham
rezam para que sejas tu o tesouro
em meio à erva-daninha, a verde hera.


Em 17 de abril de 2008.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Por Tanto Amar

Por Tanto Amar
Milamarian


Fizeste teu aquele meu pranto
e tanto! puseste-me em teu lago
e as gotas tantas num só afago
em maná nas raízes do agapanto.


O som de dentro de mim tu seguiste
e todos os ecos de qualquer saudade
e hoje só tu sabes bem que invades,
não há dor, nem mágoa em riste!


Dos mistérios ocultos a ti revelados,
conheces agora em vozes e olhares,
estão dentro de ti, tesouro guardado!


E na patena, entregue em penhor,
o trigo molhado no vermelho-carne,
sorvido na pátera, do sagrado amor.



Em 16 de abril de 2008.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Vermelhos Em Chamas

Vermelhos em chamas
Milamarian

Vieste! Do Lago ou Jardim do Éden
docemente num sorriso a mim,
me prendeste em cadeias de marfim
e ora me perco, nas horas que sucedem.


Tu rezas o sonho que adivinho
quando ninguém mais pode fundir
e o incenso que só tu me fazes sentir
quando consagras, o cálice de vinho.


Os meus olhos cegos por te amar
entontecem na alvura da tua tez
e dormitam por demais admirar,


e de mim, tu arrancas um vagido
até que eu deite toda esta lucidez
em teu colo, num último gemido.


Em 15 de abril de 2008.

Sangue Que Te Quero Sangue

Sangue Que Te Quero Sangue
Milamarian


No alvo linho sorves em derredor
o pranto daquele último instante,
quedo o pálido do branco e sangue
beijando as pétalas da inerme flor.


Soberbo calço do meu leito amado
no tom ameno das verdes vinhas
onde à rósea seda tu foste guarida,
devoto-te do vermelho ao nevado.


Tu seiva, respiras todas as entranhas
em verde bandeira ardendo, corres
e queimas fibras sem nenhuma sanha


untando a garganta e o madrigal
quero-te encarnado em vida e morte
qual ambrosia que percorre o mitral.


Em 14 de abril de 2008.


domingo, 13 de abril de 2008

Varão




Varão
Milamarian


Caprichoso, no idílio fulgura
audaz e culto, do vinho é varão
colmando ao centeio e ao pão
é benta água, oásis da ventura.


Faz-me sorrir nas gemas de luar
fundando amores, estende ao ninho,
de mar a mar um tapete de carinho
em frouxel e paina a este meu olhar.


Canta a cantiga de me mitigar,
deleite ao nervo deste meu tudo
dá-me o leito no imaculado lar,


e com o precioso cinto de astros
veste o céu afável e impoluto
de todo o cerne, alma e canastro.


Em 13 de abril de 2008.

sábado, 12 de abril de 2008

Chuva de Amor




Chuva de Amor
Milamarian


Fora na repente lua de aguaceiro
vendo as lágrimas no rosto a correr
em silêncio, ele, nos olhos a dizer
"vem a mim, ser-te-ei o teu telheiro".

Chovera os dedos toda Pátria
e ela vira a face na estrada
onde num adeus já se afastava
e ouvira! o sussurro de tal ária!

Girara o sol altivo no retalho
embalando o sonho dantesco
das frágeis rimas em cansaço,

e o vento bailara na andança
acalmando espectros e arabescos
num luzir cintilante de esperança.

Em 12 de abril de 2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Minha Seara





Minha Seara
Milamarian



É um leito sem estremadura
onde o sol se deita horizontal
e quando nasce num todo igual
encanta do poema a medula.



Não é menina cheia de galizas
é agosto de trinado de cigarras
canto que não choca em cimitarra
é maio repleto de tulipas.



Dois mares, os mesmos de antanho
onde balouçam barcos de papel
num junino aceno de gerânios,



e no encontro à cordilheira
no viço que preenche meu farnel
é abril de amor em cerejeira.


Em 11 de abril de 2008.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Horizonte De Paz

Horizonte De Paz
Milamarian


Acendo o lumeeiro de minh'alma
co'a essência dos seixos do caminho
quando escrevo neste pergaminho
em direção ao mar que dentro salga.

No interstício penetra a enunciação
de mera frase qual calhau nos lábios
em sons articulados só ao santuário
e recolho silvestres flores de verão.

Recrio o horizonte nas montanhas
navegando as letras na verde ribeira
onde a água os meus versos banha,

meu idioma é modesto e fino arco
mas espesso e firme qual a cerejeira
numa paz que ocupa meus buracos.

Em 10 de abril de 2008.




Metamorfose







Metamorfose
Milamarian

Já não lívida, esta oração
dita segredos de meu plasma
entremostrado nas pilastras
deste meu bem querer suão.

Dou a inteireza de meus ramos
intactos! Onde esbata o colorido
do crepúsculo tão definido
cai, rega a raiz e tinge o pano.

E tu, qual arbusto entreaberto
doas-me a sombra mais febril
encobrindo a canção do universo,

e não me dizes nem em vozes...
mas deitas em beijos ao perfil
o paralelo...em plena simbiose.

Em 9 de abril de 2008.


terça-feira, 8 de abril de 2008

A Sangue Dos Sentidos

A Sangue Dos Sentidos
Milamarian

Seguirei c'os lábios extasiados
pelo douto verbo que de ti me vem
num ritual de olhos certos em amém
na doce unção ao templo imaculado.

Junto ao ventre sedosas madeixas
a consagrar-te em incenso e rosas
o leque junto à espada da briosa
vinho ao cálice, seiva à madeira!

Alma desnuda sob o roçar do fogo
com a grinalda deste eterno amar
sobre teu nome o sangue probo,

e na pena que descreve em camurça
ser-te ao vento o aceno a alcançar
aquela folha que só o amor segura.


Em 8 de abril de 2008.

domingo, 6 de abril de 2008

Cavalo Selvagem



Cavalo Selvagem
Milamarian



Alcança o vento num ir e vir
na dança rodada aos vales
sorve o néctar daquela arte
com um selvagem mas doce bramir.



À procura...encontra a fonte
estende ao cume sua ternura
firme em beijo e doçura
é carícia aos rubros montes.



Sente a mansidão do universo
ali onde o cheiro do mato
é incenso encontrado no verso,



e no consentir real e intenso
sacia a sede no febril regato
deita as crinas, chega ao templo.



Em 7 de abril de 2008.

Ao Norte Da Seara





Ao Norte Da Seara
Milamarian

Atrás da bruma à distância imensa
num sentido amor, murmúrio pleno
sem cansaço, sem nem mais adendo
aflando ao íris que não se dispensa.

Vira no sonho o sublime alpendre
sem porfia, tão sedutor telheiro
a redimir as selhas em um luzeiro
e a senda em perfume e semente.

Abrira as asas num vôo absorto
retendo nas entranhas a silhueta
sem apartar do olhar tão amoroso,

das névoas da madrugada à lua clara
alçando infrene ao vento qual paleta
no modelar eterno ao norte da seara.


Em 6 de abril de 2008.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Nos Dédalos De Mim




Nos Dédalos De Mim
Milamarian


Vieste do azul, quando em hégira
se punha o meu verso silencioso
ao inverno sem beleza, rigoroso
sob tênue luz nem mais feérica.

Te colocaste em frente ao leme
em beijos ao rio destas fraquezas
sorvendo gotas de tantas incertezas
com amor num ajeitar de pences.

Mistério teu nos dédalos de mim
entranhando no desmaiado âmago
abrira o portal de luz do teu jardim,

e hoje tão somente a ti, toda vazão
deste meu infinitésimo cálamo
que se pende ante a tua devoção.

Em 5 de abril de 2008.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Estrutura




Estrutura
Milamarian


Confidente verso surgido da coorte
doo-te sóis de minh'alma sem razão
conduzindo ao teu fado minha fração
aquietada! no oráculo da sorte.

Conforta a noite num tudo imenso
e em torno de mim numa pompa
é vagar na certeza de uma só onda
volvendo o mar num amar intenso.

Busca meus sonhos e então disserta
o suspiro das letras em minhas formas
desvia a lua, meu verbo interpreta,

passa qual vaga de vento e me honra
deitando o chambre em fios e borlas
e se imbui na arte que só a ti alonga.

Em 4 de abril de 2008.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ao Léu Do Amor





Ao Léu Do Amor
Milamarian



Uma jangada balouçava ao léu
bocejava da madeira a ternura
esculpida em duas faces rubras
no repouso entre o mar e o céu.

Nas mansas ondas rumo ao areal
roçava a pelve em ardentes delírios
no menear suave (ao tombadilho)
das bandeiras num amor torrencial.

Num viril arqueio se incendiavam
os extremos e a vela da mezena
quando as duas peles se roçavam,

e no subtil navegar do ventre ao colo
da adulária à açucena
estremecia o mar...deitava o solo.

Em 3 de abril de 2008.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Não foi embalde





Não foi embalde
Milamarian



Amar-te assim não foi embalde
porque te amo num Deus completo
sorvo de teu mel no favo certo...
oferenda, mesclado ao malte!

Dentro do viver embriagante
tu me levas à eternidade
quando gotas da tua fidelidade
néctar são ao sobreiro e à lande.

Num tom vermelho o sol ameno
ao moreno abrigo do outono
toma em beijos folhas e feno,

deita os raios, e o vento vem
ao chão onde tu me dás o sonho
de te amar como a mais ninguém.

Em 2 de abril de 2008.

Turbilhão




Turbilhão
Milamarian


Posto no amarelo do poente
onde as ondas levam a navegar
o mar àquela areia o delinear
do côncavo_convexo à tua frente.

Borbulham espumas e se erguem
vão aos céus e então eu ouço
minhas vertentes são teu dorso
e minhas sedas em ti se tecem.

Sorrio minha vida, tu estás aqui
penso no sereno pergaminho
onde preso, o meu ao teu rubi,

na sorte que do mar emerge
tu me entregas teu caminho
e eu, o mundo, meu próprio cerne.

Em 1 de abril de 2008.