sexta-feira, 30 de maio de 2008

Soneto Do Nosso Amor


SONETO DO NOSSO AMOR
Milamarian

Calam-se meus lábios nus
pelo silêncio que proclama
o verso aquietado à chama
no leito de amor, eu e tu.

Nada, nem mesmo a vaga
que balouça mansamente
e lança conchas ao poente
declama uma palavra.

Olhos fechados em sorriso
no sentir do desalinho
quando te dou meu siso,

e da seiva tua à minha
nem sequer um burburinho
só a luz, princípio, vida.

Em 29 de maio de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Cristalino Riacho

CRISTALINO RIACHO
Milamarian


Traz-me a serenidade dos riachos
quando a água em calidez escorre
serenando na alvura onde morre
a sombra da noite, e me acho!...

Sustenta minh'alma junto ao luar
e nas brumas me dás a mansuetude
a claridade de mirar só as virtudes
do aconchego de teu colo, meu lar!

Aromas de hortelá e oliveira eu sinto
da flor que na terra fértil germina
sobre o ontem , por teu amor já extinto,

e tu, nada me pedes, tudo consentes
deitando-me no leito de luz cristalina
e regas em beijos, tua, tão só tua semente.


Em 28 de maio de 2008.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Janelas Para A Vida

JANELAS PARA A VIDA
Milamarian


Adentrei nas veredas grandiosas
imbuídas em duas únicas quadras
onde à minha espera, a esquadra
entregando-me vermelhas rosas.

Não sonhara em ti, meigo infante
deitar as sedas deste meu olhar
nem mesmo minh'alma te amar
como te amo! Em alma e sangue!

Doar-te todas as minhas vertentes
e te ser na terra em febre quintã
o cálice, aos teus lábios o deleite,

semear na quinta, a mescla de cores
das sementes de alecrim e de romã
por ti deitadas, neste jardim de flores.

Em 27 de maio de 2008.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Cidade Das Águas/Hiroshima do Amor E Paz



CIDADE DAS ÁGUAS
HIROSHIMA DO AMOR E PAZ
Milamarian


De tão triste história, és alma e coração
ventre pálido de belezas assombradas
onde a catedral permanece "intacta"
ao sofrido olhar do povo, tua nação.

Vale apontado nas ribeiras mais formosas
o Mar de Seto, transbordante, ao Sul te corta
carpas nos riachos murmurantes a tua volta
sorriem ao sol nascente e às flores montanhosas.

Ao chão, posto por estupidez, os inocentes,
lavrando na lembrança, o rio vermelho,
maculada água, levando-te as sementes,

silenciosa urbe, que tuas vertentes de amor
girem os sentidos, a todos qual espelho
e reflicta na história, das águas o real valor.

Em 24 de maio de 2008

Uni_Versos

UNI_VERSOS
Milamarian

Tu e eu, cerejeira e absinto
dourada medalha à luz da prata
flor à jardineira, água em cascata
tu a mim, porta do labirinto.

Seara verdejante junto ao monte
junctura de idiomas em prédica
pacto de sangue sem linha média
mescla de amor unindo pontes.

Dois inteiros, completas metades
em firmes alicerces unificadas
círculo perfeito de uma unidade,

perpendiculares que se cruzam
início e fim da mesma jornada
fechando o círculo numa só curva.

Em 27 de maio de 2008.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Canto Ao Amor

CANTO AO AMOR
Milamarian


Sinto da tua voz a doce magia
espargida nos labirintos de mim
nos veios onde corre o nanquim
com o brilho da tua nobre poesia.

Sorrio e te enfeito em meu olhar
com a lua que me doas em amor
visto de brumas com o novo teor
as nuanças mescladas deste amar.

Despida a minh'alma, tu me cobres
com teu fado tingido de harmonia
pelo canto que ao mundo já eclode,

chamas-me tua musa, tua essência
e eu te digo, és toda minha alegria
minha vida em luz e transparência.

Em 24 de maio de 2008.

sábado, 24 de maio de 2008

Reflexo De Ti



REFLEXO DE TI
Milamarian

Tu, nobre espelho, és quem me acompanha
Dentro e fora, maior do que possa eu sentir
Aglutinado nestes veios, em beijos num sorrir
Em purpúreos saltos nas minhas entranhas.

Re_luzes, quando o sol, em raios vêm aquecer
com tanto esplendor que tu, então disparas,
(No rubro cálice, repleto de paz da tua seara),
A benção de te ter, junto de mim e em ti me ver.

Reflexo de ti, nas manhãs é minha coragem
orvalho onde repousa todo cansaço que possa haver
do meu cerne, e te fazes a única personagem

a me beijar com amor, me tornas tua imagem
adormecendo minh’alma e todo o meu ser
no teu vivo espelho em minha cartilagem.

Em 23 de maio de 2008.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Águas Ao Delta





ÁGUAS AO DELTA
Milamarian

Sim, vamos tu e eu ao tempo!
sem querer jamais esquecer
eternizar os laços do querer
do mais profundo sentimento.

Riachos à espera, outro mundo
onde almas, na dourada aliança
o juramento eterno de bonança
atando dois mares tão profundos.

Oceanos nossos! O mar teu, o meu
desenhados em verde e rubro, na relva
onde no momento, em ti, não serei eu

cálice e hóstia, vinho e pão, discernidos
entre outonais folhas, águas ao delta
e os ponteiros em só um sentido.

Em 21 de maio de 2008

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Amor E Sangue

AMOR E SANGUE
Milamarian


No ínicio desta minha jornada
abertas as asas, a ti, em vôo
vou sem medos e me agrilhôo
ao teu amor fincado em paliçada.

Farto sangue à tua sede saciar
num lauto e peregrino anseio
perfilhar nestes ventre e veio
gemas tuas, num eterno amar.

Nos veios, cálidos de sonhar
escrever teu nome, e a poeira,
ao solo das finas rosas fomentar,

e quando exangue em plenitude
cachos de ti em flores de videira
ver na vez primeira, na mansuetude.

Em 20 de maio de 2008.

terça-feira, 20 de maio de 2008

O Sexto Sentido




O SEXTO SENTIDO
Milamarian

Dos teus lábios que de calar me emudecem
brilham meus cegos olhos qual luz de atear
ardendo em minha face o lume deste amar
e ateiam em ardente chama, numa prece.

Caio, na chuva torrencial de uma tarde
quando pássaros já à volta em alvoroço
delineiam neste costado, de ti o esboço
e me arrastam, mas sem nenhum alarde.

E do âmago, destilada toda a transparência
retirado o negro véu, no verdor da tua terra
escorre em tênues gotas, a última essência

sorvendo os segredos, em discreto gemido
arrancas de mim, de dentro, e assim cerra
na eternidade d'um amor, o sexto sentido.

Em 20 de maio de 2008.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Carne E Sangue

CARNE E SANGUE
Milamarian


Tende minha carne ao marfim
onde sangra a pena, tão febril,
a ansiedade de te deitar o anil
e de ser em ti, venífluo nanquim.

À frente, sem fingir sentimentos
a sangue te imortalizas em rimas
cunhas tua marca sem pantomima,
num só clarão, em mim, no tempo.

Completo, na (tão só tua) lei de me amar
descreves de mim, o teu próprio reflexo
que se difunde ao vento, deste meu olhar,

leal, não és brevidade ou paixão fugaz
transitas na carne e no sangue impresso
qual imorredoira jura, de amor e de paz.

Em 19 de maio de 2008.

domingo, 18 de maio de 2008

Flip-Flop

FLIP-FLOP
Milamarian


Diz no silêncio que emana
sentir à sombra do passado
inerte ao passar de um ano
recostado na quadra espartana.

No estio da triste madrugada
recorda o sol que o ventre banha
no mar daquela praia, ora estranha
e vai a calmaria à punhalada.

Sabe lá se nada ou tudo engana
se encerra o tempo que sonhava
repetindo versos na mesma sanha

ou deitar no azul daquele oceano
onde a água em duas ondas bravas
lava a alma, encarcera o engano.

Em 18 de maio de 2008.

sábado, 17 de maio de 2008

Quão Grande É Este Teu Coração




QUÃO GRANDE É ESTE TEU CORAÇÃO
Milamarian



Quão grande e soberbo é teu coração
e o meu todo se pende aos pés do teu
em alegria e gratidão, e grata sou a Deus
quando reflectes tu'alma qual pura oração.



Emana aqui dentro deste pequeno ser
orvalhando junto às colinas aos fios,
no alpendre e no leito de tantos rios
sementes de luz e real bem querer.



No compasso se perde toda distância
e o tempo que passa, aos olhos pára
ante a imensidão da fina fragrância,



deste rubi que à verde terra empresta
amizade e então, me faz pequena seara
brindando c'o cálice de flores, em festa.



Em 16 de maio de 2008.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Passa O Amor, Passa A Esperança

PASSA O AMOR, PASSA A ESPERANÇA
Milamarian


Passa o ponteiro desnudo
despido do último momento
quando encarcerado o tempo
morre na fria morte, o mundo.

Sozinho se perde daquela sorte
não conta e corre em desatino
sem alicerce abraça o destino
na escuridão que cresce forte.

Cheio de ódio se perde de novo
qual goma na parede, a esperança,
a ternura em desvario pelo lodo,

e nessa linha onde corre a hora
foge o amor, da mão que mancha
o branco lenço da última aurora.


Em 16 de maio de 2008.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Até A Medula Dos Ossos





ATÉ A MEDULA DOS OSSOS
Milamarian


De te amar assim no meu eu exposto
as palmas todo este ser te oferece
branda claridade que me guarnece,
aderindo em ti, és do mel o gosto!

À seara entregas o verso expresso
vertentes cruzas e me fortaleces
quando já sem forças a minha prece,
me dás a lua e todo o universo!

O amor, o teu carinho, a realidade
volvem minh'alma e este querer
acendem as luzes da pura verdade,

clareando as sombrias brumas.
Amado, que por amor hei de viver
até dos menores ossos, a medula.

Em 15 de maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Um Minuto De Silêncio?!...(RUIJIN-CHINA)



UM MINUTO DE SILÊNCIO?!...
(RUIJIN-CHINA)
Milamarian


Estende as mãos bendita aurora
mostra que a aldrava não se fixa
nas duas folhas do batente onde fica
imbuída a hipocrisia da parola.

No pandemônio social armado
chora o sangue na fonte escassa
qual a gota d'água depauperada
na ostentação, no espalhafato.

Sangra a terra, despido o vacum
chora a dor sentida e perdida
britando a pedra com o último baru,

a frouxa parla fugida do incomum
brinda "grego e troiano" e na subida,
do gado mata a fome, com o rum.

Em 14 de maio de 2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

Bandeiras



BANDEIRAS
Milamarian


Pendão que tremula na tenra planura
beijando brumas, em teu cortês broquel
amparas as douradas cores do anel,
onde brilha teu ventre em formosura.

Bandeira das andorinhas eu te bendigo,
nas reverdecidas relvas tu desfraldas
majestosa e junto à minh'alma descalça
triunfas no anil deste sagrado postigo.

Estandarte, qual pluma de ave balouças
num godê tu ondulas o som da gálea
junto ao peito, quando a voz já rouca,

deixa o glorioso íris invadir folhagens,
e tu borrifas sobre as cálidas lájeas
tua verde cor, mesclando linhagens.

em 13 de maio de 2008.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Colheita De Primavera

COLHEITA DE PRIMAVERA
Milamarian



Na pedraria solta da imensa estrada
em firmes passos, sólido e robusto
seguia ele, entre as vinhas, augusto
deitando pérolas em pinceladas.



Sua pele, de tingir já bronzeada
refletia a luz da formosa nascente
onde à seara lançara (tão paciente)
fecundos e jalnes grãos na estiada.



Por onde caminhava ia quebrando
o pranto da alva neve e do outono.
Ora na pedra, com o grafite brando,



firme e seguro risca e rabisca
reverte a tornada do último tomo
e infrene em mim se multiplica.



Em 12 de maio de 2008.


domingo, 11 de maio de 2008

A Antevéspera



A ANTEVÉSPERA
Milamarian


Precede o germinar das flores
em cálidas e abundantes gemas
às suaves taças e fina diadema
em toda sazão e todos alvores.


Dormida a ambrosia no cálice
miro no altar a verdura do campo
da alameda o vento em encanto
sopra o aroma da pele em realce.


Distingue-se a pura água no prado,
que corre esguia e umedece tudo
mesclando rosáceas ao mel rosado,


e no amálgama de distintos sabores
cresce na fortaleza e em todo o luco
cunhando o nome junto ao do priore.


Em 11 de maio de 2008



sábado, 10 de maio de 2008

Do Ventre Teu, Meu Cerne E Sangue




Do Ventre Teu, Meu Cerne E Sangue
Milamarian


Quisera nas palavras poder exteriorizar
a verdadeira adoração que por ti eu tenho,
contudo, ante teu esplendor eu me atenho
nas mudas palavras por tanto te amar.


Videira em flor que me emancipara em dor
o teu púrpura orvalha ainda o amarelo ipê
quando deitaste tua alva cor naquele vergê
onde a vida fora concebida por dois em amor.


Bendito é teu ventre, quando o lis pende
sem exaurir o regato onde corre tua seiva
e prostrado em gratidão, te louva e rende,


alma e cerne, pois que só tu podes saber
que o encarnado que arde e me serpenteia
é da fonte onde à beira me prostro até morrer.


Em 10 de maio de 2008.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Entre Amêndoas E Olivas, A Cerejeira






Entre Amêndoas E Olivas, A Cerejeira
Milamarian


Navega a jangada na albufeira
onde falésias não estremecem
nem no frio inverno arrefecem
ante a calidez da amendoeira.



Amendoeira de trás do monte
da doce essência da tua semente
eu sorvo o mel e sigo em frente
rumo ao badalar do fino bronze.



Amêndoa tua, fruto da minha sorte
a algarvia polpa no veludo emana
o maná neste portal de sul a norte.



E em bençãos, a fidalga oliveira
com tanto amor tilinta a campana,
prenúncio do encontro das ribeiras.



Em 9 de maio de 2008.



quinta-feira, 8 de maio de 2008

Junquilho




JUNQUILHO
Milamarian


Tu, dourado perfume de fina erva
incensando sereno o silvestre ar
és flor primeira na brisa a balouçar
o amor qual Adão junto a sua Eva.


Sagrada e elegante campânula branca
nas reverdecidas folhas tu garantes
o desabrochar da quinta lua no mirante
onde és fruto das nobres covancas.


Perene é tu'alma no solo deste poema
quando teu cerne esguio curva e deita
tanto respeito ante o sol e o emblema.


Alvo junquilho do xilema vermelho
duplicando a corola sangras tua seiva
em minha verve, no meu fértil lenho.

Em 8 de maio de 2008.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Thunder Gods Kamikaze, No Solo Pátrio Tua Raiz




THUNDER GODS KAMIKAZE,
NO SOLO PÁTRIO TUA RAIZ*
Milamarian


Carregava a sombra da guerra
nos tristonhos olhos já secos
nenhuma lágrima sobre o terço
nem no frio mármore na terra.


Do mundo gigante a impressão
de nada ser, de não ter ninguém
o firmamento pendia, era ela refém
sob os escombros da devastação.


O amor deposto sem brilho algum
era passante da vida sem norte
abaixo o brasido daquele fartum.


No silêncio do pó nem náusea sentia
a dor nas entranhas era da vã morte
que da falta de discernimento advinha.



Em 7 de maio de 2008.

À Y.K.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Teu Amor Não É Mera Palavra



TEU AMOR NÃO É MERA PALAVRA
Milamarian


Além do meu infinito há o teu
sem gomas, rancor, nem sanha
onde expluem em linha mediana
filigranas num único espondeu.


Disseste-me em promessa, ser
cursiva a distância entre versos
e pousar assim todo o universo
em uno laço, o teu ao meu viver.


E de súbito palavras já não mais!
Manifesto o sentimento verdadeiro
cumpriste tu, o verbo nos dorsais,


mitigando tempo e distância,
do dourado periélio ao outeiro
no perfeito amor em redundância.


Em 6 de maio de 2008.



segunda-feira, 5 de maio de 2008

Na Pedra, De Pedra E Cal

Na Pedra, De Pedra E Cal
Milamarian


A nudez de teu nome eu formulo,
o silêncio que no meu cerne anda
e outro verso em metáfora sangra
o poema deste amor ora desnudo!


À flor da pele emergem as entranhas
atendidas pela urgência de teus lábios
ao segredo contido no róseo adágio
que ao fado se rende e acompanha.


A enseada delineada pelo zelo do farol
evoca o agitar das alvas luvas em ustão
agasalhadas por branca alma em caracol


selando crateras e espaços no arrabalde
e todo e qualquer vestígio neste chão
com a aliança do amor e da verdade.


Em 5 de maio de 2008.

domingo, 4 de maio de 2008

Lezíria



Lezíria
Milamarian


Versejo-te benquisto vento
que desprende a frágil flor
e no duerno, deitado o amor
dançam os sinos do templo.


Murmuram pequenas ribeiras
sorrisos de água e gotas de sal
inclinando do Sado o fino cristal
à forte serra de pele morena.


Mil fontes jorram o encanto
em salpicos de tantas estrelas
(na prateada cuba) este canto,


quando ao alcácer se eleva
a entrega de tão cálida seiva
na dourada talha da capela.


Em 4 de maio de 2008.

sábado, 3 de maio de 2008

Pólen De Aquarela




Pólen De Aquarela
Milamarian


À Lesliebravin



Sobrevoa este oceano
pingo d'ouro d'outra dimensão
beija a lua, resvala o chão
é fio dourado e soberano.


Hialino alcança o arrebol
maná que irriga esta terra
vem do outono à primavera
é letra que irradia o rei-sol.


Reclina suave na tapera
(onde o telheiro é vermelho)
e cândidos versos prolifera,


Diz que é um grão de néon talvez...
cadente no versejar que leio
mas te digo: é pólen em buquês.



Em 3 de maio de 2008.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Sagrado Atavio



Sagrado Atavio
Milamarian


Docemente me levas em frente
no teu colo ao Algarve da certeza
aos arroios onde com a pureza
só tua seiva batiza vertentes.


Na ribeira onde a amendoeira
sorri, me chamas "tua pequenina"
e rendilho em ti, gotas cristalinas
num marasquino de cerejeiras.


Na lauda de minh'alma escreves
tua vida na minha por tudo e nada
com o ébano deitado na neve,


molhas as folhas com teu brio
sangrando teu fado em minha quadra
e me rendes ao dourado atavio.


Em 2 de maio de 2008.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Biliteral




Biliteral
Milamarian


Muito além daquele infinito
onde valsam estrelas e luas
sobre montanhas e dunas;
o amor que se vê é inaudito.



Firme rocha, espírito elevado
cinzela na ardósia sem fintar
o azul do céu caindo ao mar
e toma posse daquele ducado.



No fiorde a água que desce
atravessa a senda e sossega
o agreste cortante e oferece



o leito ornado por fino calhau,
juramenta pedra sobre pedra
pelo cálice e hóstia, biliteral.


Em 1 de maio de 2008.