terça-feira, 20 de maio de 2008

O Sexto Sentido




O SEXTO SENTIDO
Milamarian

Dos teus lábios que de calar me emudecem
brilham meus cegos olhos qual luz de atear
ardendo em minha face o lume deste amar
e ateiam em ardente chama, numa prece.

Caio, na chuva torrencial de uma tarde
quando pássaros já à volta em alvoroço
delineiam neste costado, de ti o esboço
e me arrastam, mas sem nenhum alarde.

E do âmago, destilada toda a transparência
retirado o negro véu, no verdor da tua terra
escorre em tênues gotas, a última essência

sorvendo os segredos, em discreto gemido
arrancas de mim, de dentro, e assim cerra
na eternidade d'um amor, o sexto sentido.

Em 20 de maio de 2008.