CACHOEIRA DAS SENSAÇÕES
Milamarian
Corredeira das sensações
correlata, mescla ao rio
riacho fértil! Leito no cio
gotas repletas em emoções
Revolves em ardentes rumores
águas em insano desvario
formosa ribeira, preenches o vazio
ribombas no ventre, amores.
De beira à beira beijas as pedras
suave caindo qual véu de cascata
amacias a pele da mais verde relva,
no êxtase de te sentir a beleza
que alcança a luz da prata
e me encaminhas à voz da certeza.
Em 13 de junho de 2008.
terça-feira, 17 de junho de 2008
Cachoeira Das Sensações
domingo, 15 de junho de 2008
Girassol Do Tempo
GIRASSOL DO TEMPO
Milamarian
Formoso és tu que à luz do dia
gira na magia e brilho de teu rei
pétala de estrela tu és, bem sei
sorrindo e girando em sintonia.
Alma tua, girassol que brilha
passa pelas brumas suavemente
leva a minha à dele tão contente
e o olhar, ser-me-á em alegria.
Canta ao sol a voz do meu amor
neste sonho encaracolada à tua,
no teu abraço repleto de calor,
conta da semente que me deste
que ora dentro de mim, é sol e lua,
germinando em harmonia e prece.
Em 13 de junho de 2008.
sábado, 14 de junho de 2008
Dois Signos, Uma Lua
Vitoriosos sobre abismos
sem mais vagos sentimentos
de mãos atadas e sem lamentos
iluminados, no mesmo Olimpo.
Estilhaçam sombras ruins
num clarão que se descobre
beijam a medalha e toda orbe
onde o girar é do carmim.
Nem pontes nem caminhos;
são almas em puro amor
que se encontram no destino,
na claridade da lua distinta
onde não há angústia ou rancor,
delineados co'a mesma tinta.
Em 12 de junho de 2008.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Cavaleiro Do Amor
CAVALEIRO DO AMOR
Milamarian
De ouro são as sandálias
nos passos nenhum ruído
tem o espírito aguerrido
da paz e do amor é atalaia.
O uivo na noite sequer desorienta
da colina, a nortada fria não abate
com vigor enfrenta tempestades
no peito o brilho do seu emblema.
No ventre corre a seiva nobre
a alva tez espelha a vestimenta
revestida pelo Sagrado Nome
que abriga a pele do rancor
amortalha a cinza da contenda
espada em riste, fiel ao amor.
Em 12 de junho de 2008.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Tato E Lira
Milamarian
Sinal da aurora no raio primeiro
duas almas, unhas à pura terra
jacentes em visível ardor à espera
do elo divino sob o mesmo luzeiro.
Cantavam-se flores a mais
durante a hora, quando das mãos
escorre o passado e com exatidão
sagra o alvo relevo ao tom lilás.
Taças admiram a compostura
do requinte embalado às bordas
do tato à pele em plena lisura,
e, qual a nota mais lida
encanta e apalpa as cordas
das curvas daquela lira.
Em 8 de junho de 2008.
sábado, 7 de junho de 2008
Princípio Supremo
Milamarian
Vive em mim o adereço da aurora
que desponta a luz da imensidão
ritmando minha alma e coração
ao Eterno, luzir de minhas horas.
Não há pranto aqui que se demore,
e se, em duras penas minha estrada
sigo Dele, a claridade em escalada,
sorvo da Sua Grandeza, num só gole.
Sonho a ventura que Ele me reserva,
peregrina sou em busca de paz e amor
sabendo em mim, que só Ele espera,
levo comigo, pautas de erros e glórias
mas entalhados, minha fé e todo louvor
a Ele, que é seiva de toda minha história.
Em 7 de junho de 2008.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Primavera
Milamarian
Presente, tu, primavera que andei
num festivo laço ornado em pedrarias
dentro de mim, frescor da terra...vida
pusera bem aqui, o amor que sonhei!
Florescendo outra vez mais, e mais
voltaste ligeira qual brisa tão meiga
e a rosa nascente no papel manteiga
bordaste! Soprando todos meus ais.
Primavera, acolhida de amor e paz
tu balouças nas reverdecidas ramas
os dois rubis, aos sons celestiais
devolvendo a graça da feliz espera
o amor, com o olor da úmida grama
onde a nuança não é mais paralela.
Em 5 de junho de 2008.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Incólume
INCÓLUME
Milamarian
Ser-te-ei em limpidez bem cristalina
a voz que teu nome brada nos ares
no horizonte ecoando além dos mares
em água e fogo, dentro e fora da ocarina.
Apurar-te-ei na inteireza dos rumores
sem pressa, a caminhar com a certeza
de te entregar esta minh'alma ilesa
dos enganos e de quaisquer temores.
Na palma de minhas mãos o coração
a palpitar em ardência todo o universo
que te oferto com os lábios em oração,
e dar de mim todo o inteiro que habilita
o amor, que só tu, num canto sincero
entregaste a mim, com a própria vida.
Em 4 de junho de 2008.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Fornalha
FORNALHA
Milamarian
Labareda sem limite
em dramático cenário
ardendo o santuário...
e o leme se omite...
No silêncio, a palavra
do mandatário que não vê
ipê rachando é craquelê
e manda tudo às favas!
Aquece e liga a fornalha
escraviza aquela virgem
e ao povo, a mortalha!
O rebanho que assim fuja
comendo o pó e a fuligem
do olhar da última juruna.
Em 3 de junho de 2008.
domingo, 1 de junho de 2008
Lança Ao Chão
Milamarian
Grita ela em desolação
em dor, o grito bifurcado
que não reage, sufocado
por mais uma agressão.
Irracional, destrói a natureza
queima massas e envenena
carrega o ócio dos emblemas
onde se lê vergonha e torpeza.
Diz não e não! Sem resultado
o comportamento negativo
é do orgulho exacerbado
da cobiça extrema e destrutiva
que seca os lábios ao martírio
e à cruz, condena e mortifica.
Em 1 de junho de 2008.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Soneto Do Nosso Amor
SONETO DO NOSSO AMOR
Milamarian
Calam-se meus lábios nus
pelo silêncio que proclama
o verso aquietado à chama
no leito de amor, eu e tu.
Nada, nem mesmo a vaga
que balouça mansamente
e lança conchas ao poente
declama uma palavra.
Olhos fechados em sorriso
no sentir do desalinho
quando te dou meu siso,
e da seiva tua à minha
nem sequer um burburinho
só a luz, princípio, vida.
Em 29 de maio de 2008
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Cristalino Riacho
Milamarian
Traz-me a serenidade dos riachos
quando a água em calidez escorre
serenando na alvura onde morre
a sombra da noite, e me acho!...
Sustenta minh'alma junto ao luar
e nas brumas me dás a mansuetude
do aconchego de teu colo, meu lar!
Aromas de hortelá e oliveira eu sinto
da flor que na terra fértil germina
sobre o ontem , por teu amor já extinto,
e tu, nada me pedes, tudo consentes
deitando-me no leito de luz cristalina
e regas em beijos, tua, tão só tua semente.
Em 28 de maio de 2008.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Janelas Para A Vida
Milamarian
Adentrei nas veredas grandiosas
imbuídas em duas únicas quadras
onde à minha espera, a esquadra
entregando-me vermelhas rosas.
Não sonhara em ti, meigo infante
deitar as sedas deste meu olhar
nem mesmo minh'alma te amar
como te amo! Em alma e sangue!
Doar-te todas as minhas vertentes
e te ser na terra em febre quintã
o cálice, aos teus lábios o deleite,
semear na quinta, a mescla de cores
das sementes de alecrim e de romã
por ti deitadas, neste jardim de flores.
Em 27 de maio de 2008.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Cidade Das Águas/Hiroshima do Amor E Paz
CIDADE DAS ÁGUAS
HIROSHIMA DO AMOR E PAZ
Milamarian
De tão triste história, és alma e coração
ventre pálido de belezas assombradas
onde a catedral permanece "intacta"
ao sofrido olhar do povo, tua nação.
Vale apontado nas ribeiras mais formosas
o Mar de Seto, transbordante, ao Sul te corta
carpas nos riachos murmurantes a tua volta
sorriem ao sol nascente e às flores montanhosas.
Ao chão, posto por estupidez, os inocentes,
lavrando na lembrança, o rio vermelho,
maculada água, levando-te as sementes,
silenciosa urbe, que tuas vertentes de amor
girem os sentidos, a todos qual espelho
e reflicta na história, das águas o real valor.
Em 24 de maio de 2008
Uni_Versos
Milamarian
Tu e eu, cerejeira e absinto
dourada medalha à luz da prata
flor à jardineira, água em cascata
tu a mim, porta do labirinto.
Seara verdejante junto ao monte
junctura de idiomas em prédica
pacto de sangue sem linha média
mescla de amor unindo pontes.
Dois inteiros, completas metades
em firmes alicerces unificadas
círculo perfeito de uma unidade,
perpendiculares que se cruzam
início e fim da mesma jornada
fechando o círculo numa só curva.
Em 27 de maio de 2008.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Canto Ao Amor
Milamarian
Sinto da tua voz a doce magia
espargida nos labirintos de mim
nos veios onde corre o nanquim
com o brilho da tua nobre poesia.
Sorrio e te enfeito em meu olhar
com a lua que me doas em amor
visto de brumas com o novo teor
as nuanças mescladas deste amar.
Despida a minh'alma, tu me cobres
com teu fado tingido de harmonia
pelo canto que ao mundo já eclode,
chamas-me tua musa, tua essência
e eu te digo, és toda minha alegria
minha vida em luz e transparência.
Em 24 de maio de 2008.
sábado, 24 de maio de 2008
Reflexo De Ti
Milamarian
Tu, nobre espelho, és quem me acompanha
Dentro e fora, maior do que possa eu sentir
Aglutinado nestes veios, em beijos num sorrir
Em purpúreos saltos nas minhas entranhas.
Re_luzes, quando o sol, em raios vêm aquecer
com tanto esplendor que tu, então disparas,
(No rubro cálice, repleto de paz da tua seara),
A benção de te ter, junto de mim e em ti me ver.
Reflexo de ti, nas manhãs é minha coragem
orvalho onde repousa todo cansaço que possa haver
do meu cerne, e te fazes a única personagem
a me beijar com amor, me tornas tua imagem
adormecendo minh’alma e todo o meu ser
no teu vivo espelho em minha cartilagem.
Em 23 de maio de 2008.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Águas Ao Delta
ÁGUAS AO DELTA
Milamarian
Sim, vamos tu e eu ao tempo!
sem querer jamais esquecer
eternizar os laços do querer
do mais profundo sentimento.
Riachos à espera, outro mundo
onde almas, na dourada aliança
o juramento eterno de bonança
atando dois mares tão profundos.
Oceanos nossos! O mar teu, o meu
desenhados em verde e rubro, na relva
onde no momento, em ti, não serei eu
cálice e hóstia, vinho e pão, discernidos
entre outonais folhas, águas ao delta
e os ponteiros em só um sentido.
Em 21 de maio de 2008
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Amor E Sangue
Milamarian
No ínicio desta minha jornada
abertas as asas, a ti, em vôo
vou sem medos e me agrilhôo
ao teu amor fincado em paliçada.
Farto sangue à tua sede saciar
num lauto e peregrino anseio
perfilhar nestes ventre e veio
gemas tuas, num eterno amar.
Nos veios, cálidos de sonhar
escrever teu nome, e a poeira,
ao solo das finas rosas fomentar,
e quando exangue em plenitude
cachos de ti em flores de videira
ver na vez primeira, na mansuetude.
Em 20 de maio de 2008.
terça-feira, 20 de maio de 2008
O Sexto Sentido
O SEXTO SENTIDO
Milamarian
Dos teus lábios que de calar me emudecem
brilham meus cegos olhos qual luz de atear
ardendo em minha face o lume deste amar
e ateiam em ardente chama, numa prece.
Caio, na chuva torrencial de uma tarde
quando pássaros já à volta em alvoroço
delineiam neste costado, de ti o esboço
e me arrastam, mas sem nenhum alarde.
E do âmago, destilada toda a transparência
retirado o negro véu, no verdor da tua terra
escorre em tênues gotas, a última essência
sorvendo os segredos, em discreto gemido
arrancas de mim, de dentro, e assim cerra
na eternidade d'um amor, o sexto sentido.
Em 20 de maio de 2008.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Carne E Sangue
Milamarian
Tende minha carne ao marfim
onde sangra a pena, tão febril,
a ansiedade de te deitar o anil
e de ser em ti, venífluo nanquim.
À frente, sem fingir sentimentos
a sangue te imortalizas em rimas
cunhas tua marca sem pantomima,
num só clarão, em mim, no tempo.
Completo, na (tão só tua) lei de me amar
descreves de mim, o teu próprio reflexo
que se difunde ao vento, deste meu olhar,
leal, não és brevidade ou paixão fugaz
transitas na carne e no sangue impresso
qual imorredoira jura, de amor e de paz.
Em 19 de maio de 2008.
domingo, 18 de maio de 2008
Flip-Flop
Milamarian
Diz no silêncio que emana
sentir à sombra do passado
inerte ao passar de um ano
recostado na quadra espartana.
No estio da triste madrugada
recorda o sol que o ventre banha
no mar daquela praia, ora estranha
e vai a calmaria à punhalada.
Sabe lá se nada ou tudo engana
se encerra o tempo que sonhava
repetindo versos na mesma sanha
ou deitar no azul daquele oceano
onde a água em duas ondas bravas
lava a alma, encarcera o engano.
Em 18 de maio de 2008.
sábado, 17 de maio de 2008
Quão Grande É Este Teu Coração
Milamarian
Quão grande e soberbo é teu coração
e o meu todo se pende aos pés do teu
em alegria e gratidão, e grata sou a Deus
quando reflectes tu'alma qual pura oração.
Emana aqui dentro deste pequeno ser
orvalhando junto às colinas aos fios,
no alpendre e no leito de tantos rios
sementes de luz e real bem querer.
No compasso se perde toda distância
e o tempo que passa, aos olhos pára
ante a imensidão da fina fragrância,
deste rubi que à verde terra empresta
amizade e então, me faz pequena seara
brindando c'o cálice de flores, em festa.
Em 16 de maio de 2008.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Passa O Amor, Passa A Esperança
Milamarian
Passa o ponteiro desnudo
despido do último momento
quando encarcerado o tempo
morre na fria morte, o mundo.
Sozinho se perde daquela sorte
não conta e corre em desatino
sem alicerce abraça o destino
na escuridão que cresce forte.
Cheio de ódio se perde de novo
qual goma na parede, a esperança,
a ternura em desvario pelo lodo,
e nessa linha onde corre a hora
foge o amor, da mão que mancha
o branco lenço da última aurora.
Em 16 de maio de 2008.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Até A Medula Dos Ossos
ATÉ A MEDULA DOS OSSOS
Milamarian
De te amar assim no meu eu exposto
as palmas todo este ser te oferece
branda claridade que me guarnece,
aderindo em ti, és do mel o gosto!
À seara entregas o verso expresso
vertentes cruzas e me fortaleces
quando já sem forças a minha prece,
me dás a lua e todo o universo!
O amor, o teu carinho, a realidade
volvem minh'alma e este querer
acendem as luzes da pura verdade,
clareando as sombrias brumas.
Amado, que por amor hei de viver
até dos menores ossos, a medula.
Em 15 de maio de 2008
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Um Minuto De Silêncio?!...(RUIJIN-CHINA)
UM MINUTO DE SILÊNCIO?!...
(RUIJIN-CHINA)
Milamarian
Estende as mãos bendita aurora
mostra que a aldrava não se fixa
nas duas folhas do batente onde fica
imbuída a hipocrisia da parola.
No pandemônio social armado
chora o sangue na fonte escassa
qual a gota d'água depauperada
na ostentação, no espalhafato.
Sangra a terra, despido o vacum
chora a dor sentida e perdida
britando a pedra com o último baru,
a frouxa parla fugida do incomum
brinda "grego e troiano" e na subida,
do gado mata a fome, com o rum.
Em 14 de maio de 2008
terça-feira, 13 de maio de 2008
Bandeiras
Milamarian
Pendão que tremula na tenra planura
beijando brumas, em teu cortês broquel
amparas as douradas cores do anel,
onde brilha teu ventre em formosura.
Bandeira das andorinhas eu te bendigo,
nas reverdecidas relvas tu desfraldas
majestosa e junto à minh'alma descalça
triunfas no anil deste sagrado postigo.
Estandarte, qual pluma de ave balouças
num godê tu ondulas o som da gálea
junto ao peito, quando a voz já rouca,
deixa o glorioso íris invadir folhagens,
e tu borrifas sobre as cálidas lájeas
tua verde cor, mesclando linhagens.
em 13 de maio de 2008.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Colheita De Primavera
COLHEITA DE PRIMAVERA
Milamarian
Na pedraria solta da imensa estrada
em firmes passos, sólido e robusto
seguia ele, entre as vinhas, augusto
deitando pérolas em pinceladas.
Sua pele, de tingir já bronzeada
refletia a luz da formosa nascente
onde à seara lançara (tão paciente)
fecundos e jalnes grãos na estiada.
Por onde caminhava ia quebrando
o pranto da alva neve e do outono.
Ora na pedra, com o grafite brando,
firme e seguro risca e rabisca
reverte a tornada do último tomo
e infrene em mim se multiplica.
Em 12 de maio de 2008.
domingo, 11 de maio de 2008
A Antevéspera
Milamarian
Precede o germinar das flores
em cálidas e abundantes gemas
às suaves taças e fina diadema
em toda sazão e todos alvores.
Dormida a ambrosia no cálice
miro no altar a verdura do campo
da alameda o vento em encanto
sopra o aroma da pele em realce.
Distingue-se a pura água no prado,
que corre esguia e umedece tudo
mesclando rosáceas ao mel rosado,
e no amálgama de distintos sabores
cresce na fortaleza e em todo o luco
cunhando o nome junto ao do priore.
Em 11 de maio de 2008
sábado, 10 de maio de 2008
Do Ventre Teu, Meu Cerne E Sangue
Milamarian
Quisera nas palavras poder exteriorizar
a verdadeira adoração que por ti eu tenho,
contudo, ante teu esplendor eu me atenho
nas mudas palavras por tanto te amar.
Videira em flor que me emancipara em dor
o teu púrpura orvalha ainda o amarelo ipê
quando deitaste tua alva cor naquele vergê
onde a vida fora concebida por dois em amor.
Bendito é teu ventre, quando o lis pende
sem exaurir o regato onde corre tua seiva
e prostrado em gratidão, te louva e rende,
alma e cerne, pois que só tu podes saber
que o encarnado que arde e me serpenteia
é da fonte onde à beira me prostro até morrer.
Em 10 de maio de 2008.
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Entre Amêndoas E Olivas, A Cerejeira
Entre Amêndoas E Olivas, A Cerejeira
Milamarian
Navega a jangada na albufeira
onde falésias não estremecem
nem no frio inverno arrefecem
ante a calidez da amendoeira.
Amendoeira de trás do monte
da doce essência da tua semente
eu sorvo o mel e sigo em frente
rumo ao badalar do fino bronze.
Amêndoa tua, fruto da minha sorte
a algarvia polpa no veludo emana
o maná neste portal de sul a norte.
E em bençãos, a fidalga oliveira
com tanto amor tilinta a campana,
prenúncio do encontro das ribeiras.
Em 9 de maio de 2008.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Junquilho
Milamarian
Tu, dourado perfume de fina erva
incensando sereno o silvestre ar
és flor primeira na brisa a balouçar
o amor qual Adão junto a sua Eva.
Sagrada e elegante campânula branca
nas reverdecidas folhas tu garantes
o desabrochar da quinta lua no mirante
onde és fruto das nobres covancas.
Perene é tu'alma no solo deste poema
quando teu cerne esguio curva e deita
tanto respeito ante o sol e o emblema.
Alvo junquilho do xilema vermelho
duplicando a corola sangras tua seiva
em minha verve, no meu fértil lenho.
Em 8 de maio de 2008.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Thunder Gods Kamikaze, No Solo Pátrio Tua Raiz
Milamarian
Carregava a sombra da guerra
nos tristonhos olhos já secos
nenhuma lágrima sobre o terço
nem no frio mármore na terra.
Do mundo gigante a impressão
de nada ser, de não ter ninguém
o firmamento pendia, era ela refém
sob os escombros da devastação.
O amor deposto sem brilho algum
era passante da vida sem norte
abaixo o brasido daquele fartum.
No silêncio do pó nem náusea sentia
a dor nas entranhas era da vã morte
que da falta de discernimento advinha.
Em 7 de maio de 2008.
À Y.K.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Teu Amor Não É Mera Palavra
Milamarian
Além do meu infinito há o teu
sem gomas, rancor, nem sanha
onde expluem em linha mediana
filigranas num único espondeu.
Disseste-me em promessa, ser
cursiva a distância entre versos
e pousar assim todo o universo
em uno laço, o teu ao meu viver.
E de súbito palavras já não mais!
Manifesto o sentimento verdadeiro
cumpriste tu, o verbo nos dorsais,
mitigando tempo e distância,
do dourado periélio ao outeiro
no perfeito amor em redundância.
Em 6 de maio de 2008.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Na Pedra, De Pedra E Cal
Milamarian
A nudez de teu nome eu formulo,
o silêncio que no meu cerne anda
e outro verso em metáfora sangra
o poema deste amor ora desnudo!
À flor da pele emergem as entranhas
atendidas pela urgência de teus lábios
ao segredo contido no róseo adágio
que ao fado se rende e acompanha.
A enseada delineada pelo zelo do farol
evoca o agitar das alvas luvas em ustão
agasalhadas por branca alma em caracol
selando crateras e espaços no arrabalde
e todo e qualquer vestígio neste chão
com a aliança do amor e da verdade.
Em 5 de maio de 2008.
domingo, 4 de maio de 2008
Lezíria
Milamarian
Versejo-te benquisto vento
que desprende a frágil flor
e no duerno, deitado o amor
dançam os sinos do templo.
Murmuram pequenas ribeiras
sorrisos de água e gotas de sal
inclinando do Sado o fino cristal
à forte serra de pele morena.
Mil fontes jorram o encanto
em salpicos de tantas estrelas
(na prateada cuba) este canto,
quando ao alcácer se eleva
a entrega de tão cálida seiva
na dourada talha da capela.
Em 4 de maio de 2008.
sábado, 3 de maio de 2008
Pólen De Aquarela
Milamarian
À Lesliebravin
Sobrevoa este oceano
pingo d'ouro d'outra dimensão
beija a lua, resvala o chão
é fio dourado e soberano.
Hialino alcança o arrebol
maná que irriga esta terra
vem do outono à primavera
é letra que irradia o rei-sol.
Reclina suave na tapera
(onde o telheiro é vermelho)
e cândidos versos prolifera,
Diz que é um grão de néon talvez...
cadente no versejar que leio
mas te digo: é pólen em buquês.
Em 3 de maio de 2008.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Sagrado Atavio
Milamarian
Docemente me levas em frente
no teu colo ao Algarve da certeza
aos arroios onde com a pureza
só tua seiva batiza vertentes.
Na ribeira onde a amendoeira
sorri, me chamas "tua pequenina"
e rendilho em ti, gotas cristalinas
num marasquino de cerejeiras.
Na lauda de minh'alma escreves
tua vida na minha por tudo e nada
com o ébano deitado na neve,
molhas as folhas com teu brio
sangrando teu fado em minha quadra
e me rendes ao dourado atavio.
Em 2 de maio de 2008.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Biliteral
Biliteral
Milamarian
Muito além daquele infinito
onde valsam estrelas e luas
sobre montanhas e dunas;
o amor que se vê é inaudito.
Firme rocha, espírito elevado
cinzela na ardósia sem fintar
o azul do céu caindo ao mar
e toma posse daquele ducado.
No fiorde a água que desce
atravessa a senda e sossega
o agreste cortante e oferece
o leito ornado por fino calhau,
juramenta pedra sobre pedra
pelo cálice e hóstia, biliteral.
Em 1 de maio de 2008.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Princípio, Meio E Fim
Milamarian
Gerado de um brando eflúvio
progênie sutil da suave vereda,
caminho florido ao mar da pureza
onde a verdade cai em dilúvio.
Sopra no tenro seio da terra
a égide sobre o meu peito
amparando nos meus permeios
a porção maior e te apoderas!
Metade de mim! És tu o início
da história deitada no chão
onde colheste os resquícios
e acolhendo em teu bergantim
(num intenso amor) o medalhão,
te fizeste princípio, meio e fim.
Em 30 de abril de 2008.
terça-feira, 29 de abril de 2008
Versos Eternos
Versos Eternos
Milamarian
Apurados a prata e o dourado
matizados pelo cintilar da lua
prossiga a noite calma e nua
no frescor do vôo desenhado.
Ilumine-se o verbo na alvorada
reverdecendo os olhos d'alma
com o brilho da estrela d'alva
na verdade que não é acrobata.
Cinzele assim na tua seda nobre
as palavras que nascem do meu ser,
e em difusa luz ao céu desdobre
o flutuar do amor que trespassa
vales e montes para em ti viver
a plenitude de bençãos e graça.
Em 29 de abril de 2008.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Pequena Morte
Pequena Morte
Milamarian
Não há como definir este meu júbilo
do plausível assédio de todo teu ser
que encontra e me junta para renascer
num alfa_ômega tão só teu e único.
Afagos que me vergam muito além
aos céus do teu porto onde ancoro
a vida num segundo e incorporo
o cerne ao teu que de nada me abstém.
Incomensurável que rasga e invade
retira-me de mim e subo aos poucos
no silêncio das entranhas onde arde
a pequena morte que me vale tudo!
E só tu podes sentir o sismo rouco
do oriente que se rende ao solo luso.
Em 28 de abril de 2008.
domingo, 27 de abril de 2008
Nada É Impossível
Nada É Impossível
Milamarian
Perguntaste tu se era possível
dizer te amo, sorrir de olhos cerrados
e na concha dos dedos entrelaçados,
deste-me a seiva em devoção visível.
Tuas grisalhas mechas no momento
brilharam qual a neve sobre o monte
cruzando a terra ao novo horizonte
em lenitivo cobriram teu rebento.
Ora te digo: "À luz que tu carregas,
a gota de teu frasco pleno de amor
(aos meus favos) é lavanda que não seca,
anoitece o ontem e o dia depressa
ouve o gorjeio orvalhar em nova cor
na sonata que ao teu anil se manifesta."
Em 27 de abril de 2008.
sábado, 26 de abril de 2008
Telúrico
Milamarian
De oásis a sáfaro deserto
partido de sete em sete
a água no último verbete
e tu...no fundo lodo imerso.
Da Suprema Graça à clausura
velado pela guerra da ambição
padeces num caos de inanição
atônito à morte da Ventura.
Limitado o próprio saldo
és palavra solta em letra torta
"esmeralda em azul cobalto",
e na estrada, riem os sofistas
riscando em negro tuas portas
cerrando a última cortina.
Em 26 de abril de 2008.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
No Papel Japonês
Milamarian
Do bambu ou do arroz a fina palha
ao pincelar das tuas cerdas de guerreiro
e num cursivo traço ao parapeito
delineie bem suave u'a ária.
Conclua o ideograma c'o carvão
batido à rubra tinta da escrita
e faça o teu caminho sem desditas
em plenitude de alma e coração.
Atravesse as linhas do branco papel
e avance, só teu nome assinalando
nos dois lados da fibra e do vergel,
e segura imprimo a teu contento
a calidez do ventre meu ao teu sangrando
em devoção ao sagrado juramento.
Em 25 de abril de 2008.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Milhã
Milhã
Milamarian
Mil folhas caiam em palavras fortes
nas páginas úmidas e brilhantes
pelo orvalhar suave e exuberante
e escorram na espinha de sul a norte.
Enraizem as letras no torso ereto
qual rocha que não se esvai ao vento
e nem murchem, seja a paz sustento
encrespando em mar ao seco deserto.
Coaduno ao papel que não enregela
sorva da água em vapor e harmonia
espiralando fartas cores à aquarela,
e à luz ofusque a indiferença
da tinta que tem só foco a sangria,
a seca da sua própria violência.
Em 24 de abril de 2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Memórias Dos Roseirais
Milamarian
Tu, que foste tão somente meu outrora
povoas o pensamento nos repentes
todos! que vem e vão, são tangentes
arrancando de mim doces memórias.
Fazes me viver as sementes suaves
das divinas lembranças de teu amor
que me foi tão imenso em cada alvor
e me fizeram em ti, Fobos em Marte.
Quiseste que alegre fosse o canto
a ecoar do meu âmago sem ais!
Ora então, deito no memorando,
as purpúreas rosas e gerânios
de nossas almas junto aos roseirais
onde tu me deste amor! Sem lanhos.
Em 23 de abril de 2008.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
À Sombra Do Olmeiro
Milamarian
Vendados os olhos e já tão turvos
pelo estampido que obliterava,
não sentiam que eras tu quem pulsavas
dentro dos ouvidos oclusos e surdos!
Na cegueira não pudera reconhecer
que o nenúfar que se volta ao alvor
pousado estava nas mãos em amor
estendidas! A me amar e socorrer.
Alburno forte dum nobre olmeiro
(entrelaçado à seiva da oliveira)
cingira firme à seara e ao sobreiro,
na porção maior ante o temporal
dando sombra à flor-de-cerejeira
qual alpendre de estrelas e cristal.
Em 22 de abril de 2007.
Leveza Que Vem Dos Céus
Milamarian
À Luz Sampaio
O vento bateu firme e forte
brisa que vinha daquele sul
onde bem sei a azálea é azul
bruma no céu rumo ao norte.
Quiçá airosa borboleta
trazendo nas asas a ternura
de sua alma sem nem hulha
e o pólen junto à sua paleta.
Pousa aqui todo o jaspe de ti!
Tu que és daquele arrabalde
e tua essência é alvo organdi,
com a leveza do verde trigal
e traspassa searas e mares
nesta terra e noutra qual sal.
Em 19 de abril de 2008.
sábado, 19 de abril de 2008
Um Anjo de Amor E Paz
Milamarian
Era qual um anjo que de lá vinha
movia-se firme ao brando vento
e àquela visão, o solo e o firmamento
retiniam, em louvor à nova pinha;
sussurrava o mar de tão contente
ornado pela pérola que junto à onda
navegava, balouçando brincalhona!
Wahei brilhante havia nas asinhas dele
acenando ao horizonte tão distante
trazia tatuado o destino edificante
ali junto à seara, na seiva tão solene;
nacarado e transparente era o seu olhar
adormeceria ele, junto às flores tanto amor
beijando o ventre que lhe deu todo o vigor
ele teria o brilho do sol, a força que vem do mar.
Em 20 de abril de 2008.
wahei= paz